
Com a chegada da primavera deixo de ter fundamentos para me manter reclusa em casa. Por um lado sabe bem sair à rua e ver as árvores com flor. Ainda não parei para pensar cuidadosamente no sentimento que isto provoca, mas sei que é tão delicioso que vale a pena levantar de manhã cedo só para o contemplar. Acabo por ter uma dificuldade tremenda em conciliar estas duas coisas: o dormir até o meu corpo já vomitar cama, e o levantar cedo. Don’t get me wrong, não há nada que me dê mais gozo do que dormir até bem tarde, mas por outro lado adoro quando consigo alçar o rabo da cama, aquecer uma caneca com leite achocolatado e sair para o jardim. No inverno cinzento, isto envolve vestir um casaco, e embrulhar um cachecol em volta do pescoço, na primavera posso sair em pijama. Sentar nos degraus e ouvir os passaritos nos ninhos. Dá-me ainda mais gozo, o facto de não muito longe passar uma auto-estrada e conseguir aquele efeito sonoro da natureza e modernidade tão próximas. A brisa fresca passa-me por entre os cabelos que ainda não foram feitos cativeiro num rabo-de-cavalo, e quase que se riem com as cócegas que a aragem lhes provoca. “Devias deixar o teu cabelo sempre solto, adoro os jeitos que ele faz, e o contorno que dá à tua cara”… Gosto de imaginar que isto é verdade. Deixa-me triste que o cinzento bucólico do inverno seja substituído por verdes, rosas e vermelhos, e outros tons pitorescos, mas ainda não conheço diversão mais atraente do que aquele das flores a desabrochar. Vou-me agarrar a esta ideia, para esquecer que a seguir vem o verão, desse nunca tenho boas reminiscências.
Nota: Este post, exclusivamente, tem uma imagem alternativa.
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