“Ao teatro? Ok pode ser. Mas ver o quê?”
“Pronto, vamos.”
“Eu fico nesse lugar, é melhor, e como sou baixinha dá-me mais jeito porque não há ninguém com a cabeça grande à frente”.
Mais tarde ao sair…
“A peça foi mui…” BANG BANG!
“What the …”” BANG BANG!
Ao olhar para baixo vejo uma mancha escura na minha t-shirt branca. Fui ferida na zona do abdómen e não sinto nada. Deixei de ouvir os gritos ao meu redor. Vejo-vos a olhar para mim com terror nos vossos olhos, mas eu não o consigo decifrar. Aos poucos deixo-me cair sobre os sofás desenhados pelo Siza, com a mão gélida pousada sobre o ventre. Tu colocas a tua por cima da minha, a tua está quente. Tens sempre as mãos quentes. O teu toque mantém-me serena. Continuo sem ouvir nada, aos poucos deixo de sentir o quente da tua mão, ainda consigo ver a tua expressão, os teus olhos exaltados, a tua boca a mexer, de certo que está a dizer-me que vou ficar bem, continuo sem nada ouvir. Sinto-me esmorecer, sei que não vou ficar bem… aos poucos já não te vejo…
Acordo num salto! A suar e com uma comichão desconcertante na barriga que ataco logo com as duas mãos. Foi um pesadelo! A minha 4ª morte esta semana. Já se torna fatigante. Dormir torna-se um suplício, mas já tão necessário ao meu corpo mole. Volto a deitar-me, acendo por momentos a luz do candeeiro para voltar a dar luz às estrelas florescentes que tenho no tecto, trazem-me uma certa calma, tranquilidade, pensar que estou a dormir sobre as estrelas do universo. Claro que tenho a mente e os homens que vivem dentro de mim num duelo. Eles querem fechar para descanso, e eu só penso que não quero voltar a morrer naquela noite. Aos poucos vou sucumbindo ao cansaço. Poucas horas depois acordo com o irmão a bater à porta. Parece que a minha cabeça foi um campo de treino para elefantes malabaristas durante as poucas horas de sono que tive, e dói. Dói muito, e com veemência. Arrasto-me até a bendita gaveta dos medicamentos e procuro os pills mágicos que farão desaparecer o tambor dos elefantes, e deixarão passar o dia com a normalidade exequível.
2 comentários:
why you? (davids)
Porque não era outra pessoa qualquer.
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